A onça, a raposa e o macaco receberam um convite do Leão para constituírem uma Empresa de Caça muito lucrativa para todos, pois caçando juntos, trabalhariam menos e teriam muito mais comida.
- Aliemo-nos e cacemos juntos, repartindo a presa fraternakmente, de acordo com os nossos direitos.
- Muito bem! - exclamaram os convidados muito animados com a perspectiva de tanta fartura. - Isso resolve todos os problemas da nossa vida.
E sem demora puseram-se a fazer a experiência do novo sistema. Corre que corre, cerca daqui, cerca dali, caiu-lhes nas unhas um pobre veado. Diz o leão:
- Já que somos quatro, vamos reparti-lo em quatro pedaços iguais.
- Ótimo! Concordaram os outros.
O leão repartiu a presa em quatro partes e, tomando uma, disse:
- Cabe a mim este pedaço, como rei que sou das florestas.
Os outros concordaram e o leão retirou a sua parte.
- Este segundo também me cabe porque me chamo Leão.
Os sócios entreolharam-se, já desconfiados.
- E este terceiro ainda me pertence de direito, visto que sou mais forte do que todos vós.
A raposa então resolveu intervir, dizendo ao leão:
- Muito bem. Ficas com três pedaços, concordamos (que remédio!); mas o quarto tem que ser dividido entre nós.
- Às ordens! - exclamou o leão. - Aqui está o quarto pedaço às ordens de quem tiver a coragem de agarrá-lo.
E arreganhando os dentes assentou as patas em cima.
Os três companheiros só tinham uma coisa a fazer: meter a caudas entre as pernas. Assim fizeram e sumiram-se, jurando nunca mais entrar em negócios com leão dentro.
Adapatada da fábula de Monteiro Lobato
MORAL: "Esta fábula satiriza a hipocrisia das grandes senhores (representados pelo leão), que propõem grandes negócios aos ingênuos, mas na hora de dividirem os lucros empregam a força para fazer prevalecer seus interesses."