Era uma vez - Fábulas e Lendas: O Lavrador e o Diabo

Olá, crianças!

28 de maio de 2012

O Lavrador e o Diabo


Um pobre lavrador precisava construir a casa da sua pequena granja, mas não conseguia realizar esse sonho, pois o que ganhava mal dava para alimentá-lo, junto com sua mulher. Por mais economia que fizesse, não conseguia juntar o necessário para começar a construção. 
Um dia, estando a caminhar pelo seu pedaço de chão, mergulhado em tristes pensamentos, deu com um velho esquisito, que lhe disse com voz desagradável : 
- Pára de preocupar-te, homem. Eu posso resolver o teu problema antes do primeiro canto do galo, amanhã cedo. 
- Como assim? Espantou-se o lavrador. 
-Tu precisas construir a casa da granja, certo? Pois eu me encarrego de construir e entregar-te essa obra, antes do canto do galo, em troca de uma pequena promessa tua. 
-Que promessa? Não tenho nada para te oferecer em troca de tal serviço. 
- Não importa: o que quero que me prometas é um bem que tu tens mas ainda não sabes. É topar ou largar.
O pobre granjeiro pensou com seus botões " o que é que eu tenho a perder?" E, sem hesitar mais, respondeu ao velho que aceitava o trato, e fez uma promessa.
-Só que quero ver a casa da granja construída, amanhã, antes do canto do galo observou ele, ainda meio incrédulo.
E voltou correndo para a casa, para comunicar à esposa o bom negócio que acabara de fechar. A pobre mulher ficou horrorizada:
-Tu és louco, marido! Acabas de prometer àquele velho, que só pode ser o próprio diabo, o nosso primeiro filho, que vai nascer daqui a alguns meses!
O homem, que não sabia da gravidez, pôs as mãos na cabeça, mas não havia mais nada a fazer: o pacto estava selado.
Porém, a mulher, que não estava disposta a aceitá-lo, ficou pensando num jeito de frustrar o plano do diabo. E naquela noite, sem conseguir dormir, ficou o tempo todo escutando apavorada o barulho que o demônio e seus auxiliares infernais faziam, ao construírem a tal obra, com espantosa rapidez.
A noite ia passando, aproximava-se a madrugada. Mas pouco antes de o céu clarear, quando faltavam só poucas telhas para a conclusão da obra, a atenta mulher do granjeiro pulou da cama e, rápida e ágil, correu até o galinheiro, onde o galo ainda não despertara. Tomando fôlego, imitou o canto do galo, com tal perfeição que todos os galos da vizinhança, junto com o seu próprio, lhe responderam com um coro sonoro de cocoricós matinais, momentos antes do romper da aurora.
Como um trato com o diabo tem de ser estritamente observado, tanto pela vítima como por ele mesmo, a obra em final de construção teve de ser parada naquele mesmo instante, por quebra de contrato "antes do primeiro canto do galo".
E o diabo, espumando de raiva por se ver assim ludibriado e espoliado, se mandou de volta para o inferno, junto com os seus acólitos, para nunca mais voltar àquele lugar.
Mas a casa da granja permaneceu construída, para a alegria do granjeiro, faltando apenas aquelas poucas telhas, que jamais puderam ser colocadas.

LENDA ALEMÃ RECONTADA PELA ESCRITORA DE LITERATURA INFANTIL TATIANA BELINKY E ILUSTRADA POR WALTER ONO.RETIRADA DA REVISTA ESCOLA.